sábado, 20 de junho de 2009

Por que o povo alemão aderiu ao Holocausto


Não é raro encontrar, ao pegar um vôo para Israel, jovens alemães indo fazer trabalho voluntário. Esse é o fardo que eles carregam, de bom grado, depois de tudo que os seus avós fizeram, meio século atrás, contra judeus durante o regime nazista. Até mesmo a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, esteve no Parlamento israelense , poucos meses atrás, e voltou a pedir desculpas - mais de 6 décadas depois - pelas atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial.

Que todas aquelas coisas horríveis - confisco de bens, escravização e execução sumária em câmaras de gás - aconteceram, nenhum historiador sério questiona. Mas o que muitos não conseguem entender é o porquê do povo alemão, em sua maioria, ter apoiado todas as maluquices de seu líder, o austríaco Adolf Hitler. Muitos pesquisadores, talvez porque essa seja a versão mais fácil de encarar, concluíram que a população alemã embarcou na onda simplismente porque pouco sabia. As pessoas teriam sido convencidas por um esquema de propaganda política eficaz e, na prática, seriam mais vítimas do Partido Nazista.

Mas essa não é a versão do historiador alemão Götz Aly, da Universidade de Frankfurt. Após uma pesquisa minuciosa de documentos, ele concluíu algo muito mais terrível: a população alemã foi francamente favorável a Hitler porque foi "comprada" com agrados dos nazistas.

"Eu considero o regime nazista como uma ditadura a serviço do povo", diz Aly. "Hitler e seus subordinados cumpriam o papel de demagogos tradicionais, perguntando-se como garantir a satisfação geral e comprando diariamente a aprovação do público ou, ao menos, sua indiferença." Com os nazistas, a Alemanha saiu de uma crise econômica profunda e voltou a crescer - primeiro confiscando bens de judeus residentes no país, depois passando à exploração do trabalho judaico em regime de escravidão e, finalmente, pilhando os países conquistados no começo da guerra.

Os custos do conflito nunca chegaram a atingir a maior parte da população alemã. Durante todo o governo de Hitler, de 1933 a 1945, não houve nenhum aumento de impostos sobre a classe trabalhadora. E os soldados na frente de batalha eram encorajados a mandar grandes pacotes - contendo obras de arte, alimentos e objetos de valor - para suas famílias na Alemanha. Diante disso, boa parte do povo alemão parece ter preferido olhar para o lado.

É possível que nunca possamos afirmar que a hipótese de Aly está correta, mas ela se encaixa assustadoramente no que se sabe sobre a Alemanha nazista.
Texto de Salvador Nogueira,
Especial 29 Coisas que não Fazem Sentido
Editora Abril

Um comentário:

Igor Todd disse...

Antisemitismo era muito comum na Europa inteira, à época.


Preparem suas tropas

Desde que Hitler invadiu a Polônia, em 1939, já se passaram quase cinco anos. Os fatos que se deram nesse período, sem dúvida, já entraram para a história.

Hoje, quase cinco anos após o início da guerra, o quadro se alterou bastante. Querendo ou não os soviéticos conseguiram se recuperar e hoje começam a marchar rumo à Europa, batalhando dentro das antigas fronteiras polacas. A Alemanha Nazista também está abalada por outro golpe que a atingiu: a invasão aliada e os revezes na frente ocidental, o que tem afetado ainda mais sua estrutura de guerra.

Nesse momento os aliados se reúnem para planejar o que fazer diante da abertura dessa segunda frente de guerra na Europa pelo ocidente. Os líderes militares dos Estados Unidos e do Reino Unido devem tomar as atitudes necessárias para que o conflito se encerre com a vitória da democracia sobre o totalitarismo.

É claro que nenhum deles é ingênuo para acreditar que Stálin compactua com todos esses ideais. Todos sabem que os interesses soviéticos não são os mesmos de seus aliados ocidentais; isso está tão evidente quanto as atrocidades cometidas pelo exército nazista.

Nenhum dos representante de Reino Unido e Estados Unidos também é ingênuo para pensar que Hitler está completamente condenado. Qualquer ação de guerra deve ser muito bem pensada, pois, mesmo debilitado, o exército alemão ainda tem condições de vencer batalhas. Por isso que podemos dizer que a movimentação das peças no tabuleiro europeu vinda dos três gabinetes beligerantes é fundamental para definir o destino da guerra.

A movimentação de peças nesse tabuleiro, contudo, pode não se dar por motivos apenas técnicos. É óbvio que as relações entre as figuras mais proeminentes dos gabinetes de guerra acabam por influenciar decisivamente no desenrolar do conflito.
A batalha começou.





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